quarta-feira, 13 de junho de 2012

A guerra da CPI em Tupã

O que está em jogo com esta CPI?
Em primeiro lugar, a disputa eleitoral, evidentemente. A tropa de choque do governo municipal tentará intimidar qualquer movimentação oposicionista. A diferença é que agora o modus operandi se altera. O embate, envolvido no clima eleitoral, será a tônica, não havendo espaço para negociações marcadas pelo favorecimento pessoal. Isto porque é a sucessão municipal que está em jogo.
Em segundo lugar, os vereadores, pela primeira vez, ficarão muito expostos. A importância desta situação nova é a quebra da cultura política em Tupã que é marcada por frustrações e adesões.
A frustração atinge grande parte dos jovens tupaenses. Desacreditam e muitos postam mensagens nas redes sociais se dizendo enojados. A expressão é a queixa. Mas queixa não mobiliza ou transforma. Queixa é uma  catarse, uma forma de se depurar emocionalmente. Como se ao dizer que sente nojo já estaria expiando sua possível culpa ou responsabilidade. Muito parecido com o papel do confessionário.
A adesão é algo mais grave. Faz parte da lógica coronelista. Você está a favor de uma "família" ou de outra. Não existe opinião pessoal, independência. Não se trata de uma formulação ética ou política. Apenas uma escolha de que lado fica. Há estudos sobre esta prática nos rincões do Brasil (e Tupã, no que diz respeito à política é um rincão), como o de Moacir Palmeira, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que indicam que somente quando acaba a eleição um grupo ou pessoa se sente no direito de passar para o outro grupo. Mas dentro do processo eleitoral, haveria um "código de ética" que ao aderir, se mata por aquela "família". O que levam de recompensa? Segurança ou uma gorjeta. Nada mais. Os "cabos" (ou gerentes dos coronéis) recebem um pouco mais: um cargo no almoxarifado, um cargo de motorista, algo do gênero. Os "tenentes" recebem cargos comissionados e formam um mini-exército de militantes pagos, também fiéis a eles, tenentes. Forma-se, então, uma hierarquia, um organograma do coronelismo.
A CPI, mesmo que seja apenas um jogo entre "tenentes ou cabos" pode quebrar a mesmice. Um sopro de ar para o cidadão se sentir um pouco mais dono do seu voto e destino político da cidade. Pode escolher, acompanhar, criticar, rever, ponderar.
O que está em jogo, portanto, é o organograma dos coronéis. Mas, para o cidadão de Tupã, isto pouco importa. O que importa é seu valor como cidadão, fiscal do destino de seu voto e do seu dinheiro que é arrecadado pelos impostos. No fundo, os coronéis, tenentes e cabos da política são meros funcionários do eleitor. Assim está escrito na lei.

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